ÍTALIA 1944 - Chovia e fazia frio no acampamento da Força
Expedicionária Brasileira, onde ficavam os pracinhas e generais estadunidenses.
Com uma grande quantidade de barracas verdes e mantimentos encaixotados. O
tempo era ruim, sendo quase impossível ver alguma coisa a menos de 100 metros.
O barulho era imenso, com vozes e sons de artilharias, apontando para a fronte
italiana. Hamilton era mais um dos brusquenses que haviam sido convocados para
lutar na Europa. Não havia recebido nenhum tipo de treinamento, e nem havia se
acostumado com o frio que fazia ali. Vestia um uniforme marrom como os demais,
a única coisa que o diferenciava era o bolso cheio de cartas vindas do Brasil.
Por falta de experiência no campo de batalha, assumia o posto de entregar a correspondência
de familiares aos soldados, seu pé era cheio de bolhas, por conta de longas
caminhadas que fazia ao redor das barracas, procurando os receptores.
Os dias passavam
lentos no acampamento, com uma tensão cruel que pairava a todo o momento o ar que
respirava. Mas havia certo gosto diferente no ar naquele dia.
Mal havia acordado,
e já fora chamado para o posto de cartas, enquanto caminhava via nos rostos
daqueles homens, a melancolia, mas no fundo da pupila era possível ver a
coragem que lutava para se mostrar.
Quando chegou ao
posto, havia uma bolsa verde cheia de cartas, trocou um olhar com o soldado que
se sentava à mesa, e puxou a bolsa, quando seus dedos tocaram a alça da bolsa,
um grande tremor se fez, um pouco de cimento caiu do dedo. Sem reação os dois
se olharem no rosto e correram para fora da sala.
Um de Canhão 75/32
Modelo 37, havia atingido o acampamento, e era possível ouvir o movimento de
tropas italianas chegando ao horizonte, marchando com tanques de modelo Fiat
M14/41 italianos, com um emblema de um escudo vermelho e uma cruz branca. Um
grande estronde se fez e tudo depois ficou branco.
ÍTALIA Acampamento Militar 14 horas depois do ataque
italiano.
- Rápido ele está acordando - Ouviu Hamilton de uma voz
feminina.
- Já era hora, temos muitos feridos, temos que dar espaço
para os mais necessitados! Hamilton? Senhor Hamilton? Consegue me ouvir?
Quando abriu os olhos viu que estava em uma sala totalmente
branca, sendo observados por um doutor e uma enfermeira, ambos vestindo roupas
brancas com o símbolo FEB.
Perguntas ecoavam na sua mente, mas sentia que sua boca
estava salgado demais para falar qualquer palavra, depois de muito esforço e um
gole de água dado pelo médico, conseguiu falar suas perguntas.
- O que aconteceu? Como vim parar no hospital?
- O acampamento que estava ocupado de trabalhar fora
atacado, por tropas italianas, você foi ferido, mas não é nada grave, sua perna
logo vai ficar boa. Mas por conta dos feridos, achamos melhor deportar os que
não estão capacitados para a guerra. Ficará em vigia durante essa noite, logo
depois será deportado. – Disse o Doutor
Parecia que um
grande peso havia se desfeito do seu peito, finalmente depois dessa noite,
estaria livre para voltar a sua cidade Natal Brusque.
Na manhã seguinte,
ergueu as malas pesadas e caminhou até o navio verde com a bandeira brasileira
que parecia flutuar no céu. Com a perna latejando e apoiando-se em uma bengala,
subiu a bordo do navio. Aquele ambiente tinha certo gosto de paz. A cabine onde
ia ficar era minúscula, mas aconchegante, guardou as malas, deitou-se na cama,
e fechou os olhos, imaginando como seria voltar, á sua cidade natal, e das
preocupações que ia ter em achar um emprego com a perna machucada.
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